01 dezembro, 2012
05 novembro, 2012
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08 agosto, 2012
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29 junho, 2012
10 junho, 2012
09 junho, 2012
30 maio, 2012
24 maio, 2012
21 maio, 2012
01 maio, 2012
27 abril, 2012
22 abril, 2012
07 abril, 2012
05 abril, 2012
31 março, 2012
18 março, 2012
Fico Sozinho com o Universo Inteiro
Começa a
haver meia-noite, e a haver sossego,
Por toda a parte das coisas sobrepostas,
Os andares vários da acumulação da vida...
Calaram o piano no terceiro andar...
Não oiço já passos no segundo andar...
No rés-do-chão o rádio está em silêncio...
Vai tudo dormir...
Fico sozinho com o universo inteiro.
Não quero ir à janela:
Se eu olhar, que de estrelas!
Que grandes silêncios maiores há no alto!
Que céu anticitadino! —
Antes, recluso,
Num desejo de não ser recluso,
Escuto ansiosamente os ruídos da rua...
Um automóvel — demasiado rápido! —
Os duplos passos em conversa falam-me...
O som de um portão que se fecha brusco dóí-me...
Vai tudo dormir...
Só eu velo, sonolentamente escutando,
Esperando
Qualquer coisa antes que durma...
Qualquer coisa.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Por toda a parte das coisas sobrepostas,
Os andares vários da acumulação da vida...
Calaram o piano no terceiro andar...
Não oiço já passos no segundo andar...
No rés-do-chão o rádio está em silêncio...
Vai tudo dormir...
Fico sozinho com o universo inteiro.
Não quero ir à janela:
Se eu olhar, que de estrelas!
Que grandes silêncios maiores há no alto!
Que céu anticitadino! —
Antes, recluso,
Num desejo de não ser recluso,
Escuto ansiosamente os ruídos da rua...
Um automóvel — demasiado rápido! —
Os duplos passos em conversa falam-me...
O som de um portão que se fecha brusco dóí-me...
Vai tudo dormir...
Só eu velo, sonolentamente escutando,
Esperando
Qualquer coisa antes que durma...
Qualquer coisa.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
17 março, 2012
15 março, 2012
04 março, 2012
Os Caminhos Desapareceram
da Alma Humana
Caminho: faixa de terra
sobre a qual se anda a pé. A estrada distingue-se do caminho
não só por ser
percorrida de automóvel, mas também por ser uma simples linha ligando
um ponto
a outro. A estrada não tem em si própria qualquer sentido; só têm sentido os
dois
pontos que ela liga. O caminho é uma homenagem ao espaço. Cada trecho do
caminho
é em si próprio dotado de um sentido e convida-nos a uma pausa. A
estrada é uma
desvalorização triunfal do espaço, que hoje não passa de um
entrave aos movimentos do
homem, de uma perda de tempo.
Antes ainda de desaparecerem da paisagem, os caminhos
desapareceram da alma humana:
o homem já não sente o desejo de caminhar e de
extrair disso um prazer. E também a sua
vida ele já não vê como um caminho, mas
como uma estrada: como uma linha conduzindo
de uma etapa à seguinte, do posto
de capitão ao posto de general, do estatuto de esposa
ao estatuto de viúva. O
tempo de viver reduziu-se a um simples obstáculo que é preciso
ultrapassar a
uma velocidade sempre crescente.
Milan Kundera, in "A Imortalidade"
Milan Kundera, in "A Imortalidade"
03 março, 2012
02 março, 2012
26 fevereiro, 2012
22 fevereiro, 2012
21 fevereiro, 2012
20 fevereiro, 2012
17 fevereiro, 2012
16 fevereiro, 2012
Inquietação
A contas com o bem que tu me fazes
A contas com o mal por que passei
Com tantas guerras que travei
Já não sei fazer as pazes
São flores aos milhões entre ruínas
Meu peito feito campo de batalha
Cada alvorada que me ensinas
Oiro em pó que o vento espalha
Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Ensinas-me fazer tantas perguntas
Na volta das respostas que eu trazia
Quantas promessas eu faria
Se as cumprisse todas juntas
Não largues esta mão no torvelinho
Pois falta sempre pouco para chegar
Eu não meti o barco ao mar
Pra ficar pelo caminho
Cá dentro inqueitação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Cá dentro inqueitação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Mas sei
É que não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que eu tenho que fazer
Qualquer coisa que eu devia resolver
Porquê, não sei
Mas sei
Que essa coisa é que é linda.
A contas com o mal por que passei
Com tantas guerras que travei
Já não sei fazer as pazes
São flores aos milhões entre ruínas
Meu peito feito campo de batalha
Cada alvorada que me ensinas
Oiro em pó que o vento espalha
Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Ensinas-me fazer tantas perguntas
Na volta das respostas que eu trazia
Quantas promessas eu faria
Se as cumprisse todas juntas
Não largues esta mão no torvelinho
Pois falta sempre pouco para chegar
Eu não meti o barco ao mar
Pra ficar pelo caminho
Cá dentro inqueitação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Cá dentro inqueitação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Mas sei
É que não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que eu tenho que fazer
Qualquer coisa que eu devia resolver
Porquê, não sei
Mas sei
Que essa coisa é que é linda.
14 fevereiro, 2012
09 fevereiro, 2012
08 fevereiro, 2012
07 fevereiro, 2012
Aos que não sentem...
"O Mundo é de Quem não Sente
O mundo é de quem não sente.
A condição essencial para se ser um homem prático
é a ausência de sensibilidade.
A qualidade principal na prática da vida
é aquela qualidade que conduz à acção, isto é, a vontade.
Ora há duas coisas que estorvam a acção
- a sensibilidade e o pensamento analítico,
que não é, afinal, mais que o pensamento com sensibilidade.
Toda a acção é, por sua natureza,
a projecção da personalidade sobre o mundo externo,
e como o mundo externo é em grande e principal parte
composto por entes humanos, segue que essa projecção da personalidade
é essencialmente o atravessarmo-nos no caminho alhieo,
o estorvar, ferir e esmagar os outros, conforme o nosso modo de agir.
Para agir é, pois, preciso que nos não figuremos com facilidade
as personalidades alheias, as suas dores e alegrias.
Quem simpatiza pára.
O homem de acção considera o mundo externo como composto
exclusivamente de matéria inerte - ou inerte em si mesma,
como uma pedra sobre que passa ou que afasta do caminho;
ou inerte como um ente humano que, porque não lhe pôde resistir,
tanto faz que fosse homem como pedra, pois, como à pedra,
ou se afastou ou se passou por cima."
O Livro do Desassossego, Fernando Pessoa
"O Mundo é de Quem não Sente
O mundo é de quem não sente.
A condição essencial para se ser um homem prático
é a ausência de sensibilidade.
A qualidade principal na prática da vida
é aquela qualidade que conduz à acção, isto é, a vontade.
Ora há duas coisas que estorvam a acção
- a sensibilidade e o pensamento analítico,
que não é, afinal, mais que o pensamento com sensibilidade.
Toda a acção é, por sua natureza,
a projecção da personalidade sobre o mundo externo,
e como o mundo externo é em grande e principal parte
composto por entes humanos, segue que essa projecção da personalidade
é essencialmente o atravessarmo-nos no caminho alhieo,
o estorvar, ferir e esmagar os outros, conforme o nosso modo de agir.
Para agir é, pois, preciso que nos não figuremos com facilidade
as personalidades alheias, as suas dores e alegrias.
Quem simpatiza pára.
O homem de acção considera o mundo externo como composto
exclusivamente de matéria inerte - ou inerte em si mesma,
como uma pedra sobre que passa ou que afasta do caminho;
ou inerte como um ente humano que, porque não lhe pôde resistir,
tanto faz que fosse homem como pedra, pois, como à pedra,
ou se afastou ou se passou por cima."
O Livro do Desassossego, Fernando Pessoa
02 fevereiro, 2012
31 janeiro, 2012
28 janeiro, 2012
26 janeiro, 2012
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