26 fevereiro, 2012



                                                         Faith to remember...

20 fevereiro, 2012



                                       "Space Oddity"

16 fevereiro, 2012





Inquietação

A contas com o bem que tu me fazes
A contas com o mal por que passei
Com tantas guerras que travei
Já não sei fazer as pazes
São flores aos milhões entre ruínas
Meu peito feito campo de batalha
Cada alvorada que me ensinas
Oiro em pó que o vento espalha
Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Ensinas-me fazer tantas perguntas
Na volta das respostas que eu trazia
Quantas promessas eu faria
Se as cumprisse todas juntas
Não largues esta mão no torvelinho
Pois falta sempre pouco para chegar
Eu não meti o barco ao mar
Pra ficar pelo caminho
Cá dentro inqueitação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Cá dentro inqueitação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Mas sei
É que não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que eu tenho que fazer
Qualquer coisa que eu devia resolver
Porquê, não sei
Mas sei
Que essa coisa é que é linda.

08 fevereiro, 2012



                                      Aos que sentem...

07 fevereiro, 2012

Aos que não sentem...


"O Mundo é de Quem não Sente

O mundo é de quem não sente. 

A condição essencial para se ser um homem prático 
é a ausência de sensibilidade. 
A qualidade principal na prática da vida 
é aquela qualidade que conduz à acção, isto é, a vontade. 
Ora há duas coisas que estorvam a acção 
- a sensibilidade e o pensamento analítico, 
que não é, afinal, mais que o pensamento com sensibilidade. 
Toda a acção é, por sua natureza, 
a projecção da personalidade sobre o mundo externo, 
e como o mundo externo é em grande e principal parte 
composto por entes humanos, segue que essa projecção da personalidade 
é essencialmente o atravessarmo-nos no caminho alhieo, 
o estorvar, ferir e esmagar os outros, conforme o nosso modo de agir.
Para agir é, pois, preciso que nos não figuremos com facilidade 

as personalidades alheias, as suas dores e alegrias. 
Quem simpatiza pára. 
O homem de acção considera o mundo externo como composto 
exclusivamente de matéria inerte - ou inerte em si mesma, 
como uma pedra sobre que passa ou que afasta do caminho; 
ou inerte como um ente humano que, porque não lhe pôde resistir, 
tanto faz que fosse homem como pedra, pois, como à pedra, 
ou se afastou ou se passou por cima."
 

O Livro do Desassossego, Fernando Pessoa