31 dezembro, 2011



                                             2011
                                             A grain of sand to some, but one giant step for me...

30 dezembro, 2011



                                        Ainda a Fénix.
                                        Há-de ser dia na escuridão do Inverno...
                                        Por que esperas ainda?

18 dezembro, 2011





                                      Para os lábios
                                      que o homem faz
                                      que atraem beijos
                                      ao redor do mundo
                                      ficou na nossa memória
                                      em qualquer parte    
                                      a qualquer hora
                                      um pedaço
de pão
                                  
                                     Promessa
                                     que se cumpre
                                     que alimenta
                                     o mundo

                                     Olhos
                                     a exigir
                                     uma floresta

                                     Mário Cesariny, in "Pena Capital"

17 dezembro, 2011


"Damos comummente às nossas ideias do desconhecido a cor das nossas noções do conhecido: 
se chamamos à morte um sono é porque parece um sono por fora; 
se chamamos à morte uma nova vida é porque parece uma coisa diferente da vida. 
Com pequenos mal-entendidos com a realidade construímos as crenças e as esperanças, 
e vivemos das côdeas a que chamamos bolos, como as crianças pobres 
que brincam a ser felizes.
Mas assim é toda a vida; assim, pelo menos, é aquele sistema de vida particular a que 
no geral se chama civilização. A civilização consiste em dar a qualquer coisa um nome 
que lhe não compete, e depois sonhar sobre o resultado. E realmente o nome falso 
e o sonho verdadeiro criam uma nova realidade. O objecto torna-se realmente 
outro, porque o tornámos outro.
Manufacturamos realidades. A matéria-prima continua a ser a mesma, mas a forma, 
que a arte lhe deu, afasta-a efectivamente de continuar sendo a mesma. 
Uma mesa de pinho é pinho mas também é mesa. Sentamo-nos à mesa e não ao pinho. 
Um amor é um instinto sexual, porém não amamos com o instinto sexual, 
mas com a pressuposição de outro sentimento. 
E essa pressuposição é, com efeito, já outro sentimento."

O Livro do Desassossego (Fernando Pessoa)


10 dezembro, 2011


“A pessoa que sou é única, limitada a um nascer e a um morrer, 
presente a si mesma e que só à sua face é verdadeira, 
é autêntica, decide em verdade a autenticidade de tudo quanto realizar. 
Assim a sua solidão, que persiste sempre talvez como  
pano de fundo em toda a comunicação, em toda a comunhão, 
não é "isolamento". Porque o isolamento implica um corte com os outros; 
a solidão implica apenas que toda a voz que a exprima 
não é puramente uma voz da rua, mas uma voz que ressoa no silêncio final, 
uma voz que fala do mais fundo de si, que está certa 
entre os homens como em face do homem só.” 

Vergílio Ferreira, Espaço do Invisível I